terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Perspectivas 2011 para o profissional de Comércio Exterior

Após a última reunião do G20, o cenário mundial teve a confirmação de que os reflexos da crise financeira perdurarão e, embora a bandeira contra o protecionismo tenha sido hasteada, a necessidade de sobrevivência vem ocasionando um aumento nas exigências do comércio internacional, que impactam diretamente no nível de competitividade dos países.

O Brasil, como não poderia deixar de ser, também mostra sinais de preocupação. Embora o crescimento econômico tenha sido anunciado com louvor como de aproximadamente 8% em 2010, um índice muito próximo aos marcos chineses, já fomos ensinados desde pequenos que olhar somente para um lado da rua não previne acidentes.

Além do referencial de crescimento ser o amargo ano de 2009, no qual a economia tentava – sem grande sucesso - amenizar os estragos do ano anterior, a balança comercial brasileira foi divulgada pelo governo com superávit aproximadamente 35% inferior, com destaque especial para o aumento das importações, contrariando as fantásticas projeções e as esperanças alimentadas para o período.

Tal resultado indica que, mesmo que o mercado interno aparentemente tenha se recuperado da “marolinha” da crise de 2008, a situação ainda é crítica. O comércio exterior, em especial, ainda chora as mágoas. E como tudo são números, as organizações com vínculo direto nesta atividade devem reagir para melhorar os seus indicadores.As companhias tendem a enxugar seus processos de logística e comércio exterior a partir do elo mais elementar e muitas vezes o mais caro: pessoas.

Sejam funcionários ou prestadores de serviço, o custo de manutenção deve levar a cortes, avaliados de acordo com os objetivos e estratégia de cada organização. Para alguns, certamente é mais produtivo deslocar as atividades de comércio exterior para um terceirizado, mas há quem prefira “re-importar” atividades para sua estrutura interna, reduzindo assim o fluxo de comunicação e de processos, além da consequente exclusão do então terceirizado.

Assim, ambos os grupos – profissionais de comércio exterior operando na prestação de serviço ou como funcionários em companhias importadoras e/ou exportadoras – precisam rever suas competências. O profissional, agora ainda mais cobrado, terá de buscar esforços para ampliar seus conhecimentos, adquirindo assim flexibilidade para desempenhar mais tarefas ao longo da cadeia. Ora, “enxugar” também significa demitir e tendem a prevalecer os mais adaptados à nova ordem.

A idéia de “menos é mais” nunca teve tanto sentido para despachantes, operadores logísticos e setores afins da indústria e comércio.O grande volume de atribuições e em algumas situações, a retirada de especialistas em cada tarefa pode causar uma seleção natural darwiniana: o indivíduo desatualizado e desinteressado é eliminado mais cedo.Grandes salários serão um problema?

Somente o mercado poderá afirmar, mas é lógico pensar que um profissional melhor preparado e com maior número de responsabilidades tenha um aumento de benefícios, não necessariamente de acordo com suas pretensões, afinal são tempos difíceis. Mas a disputa de talentos tende a aumentar. Uma equipe de cinco reduzida a dois nem sempre consegue preservar os elementos de sua primeira formação, pois além da resistência à mudanças, o Comércio Exterior, por seu início desenfreado e formação acadêmica tardia, gerou muitos “remanejos” de compras, administrativo e outros para uma área em que a expertise não deveria ser facultativa.

Assim, estudantes com experiência prática tendem a finalmente tomar o posto que lhes pertence, enquanto a equipe de vendas, compras, financeiro...volta às suas atividades de origem. Pode-se dizer ainda que será o ano de universidades, cursos profissionalizantes e especializações nesta área encherem os bolsos, pois quem dormiu no ponto tentará correr atrás do prejuízo: ossos do ofício competitivo.

A perspectiva não é de hoje, muitos dirão, mas o fato é que 2010 foi um ano de apostas para alguns e de observação para outros, de modo que, devido às expectativas econômicas, eleições e demais inconstâncias, as decisões foram proteladas para 2011. As grandes mudanças organizacionais e de estruturação da cadeia de comércio exterior se anunciam para o ano que inicia e será individualmente sustentável aquele que realocar seus recursos e expectativas para o novo cenário. Pode-se dizer que os dias dos profissionais limitados e despreparados estão, de uma vez por todas, contados no “comex”.

(Por: Msc. Danielle N. Pozzo)

Nenhum comentário: