terça-feira, 9 de novembro de 2010

A complexa logística da usina ao mercado – CSN

As usinas siderúrgicas têm à sua disposição equipamentos de transporte de alto padrão, mas precisam contornar as deficiências da infraestrutura nacional.

Num mercado cada vez mais preocupado com a qualidade dos produtos e a eficiência dos processos, a logística de transporte precisa atender a três desafios básicos: custos competitivos, preservação da integridade dos produtos e atendimento dos prazos de entrega.

Os clientes, além da constante preocupação com os custos, querem receber seus insumos intactos e em quantidades que, por um lado, não precisem ser estocadas e, por outro, não comprometam seu fluxo de produção. “A logística precisa funcionar muito próxima do conceito de just in time, mas adequado às características de cada cliente”, afirma o diretor de logística da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e diretor superintendente da Sepetiba Tecon, Davi Emery Cade.

Para atender a essas exigências com eficiência, a logística da CSN utiliza de forma otimizada os modais rodoviário, ferroviário e marítimo. Os principais modais usados na distribuição dentro do país são o rodoviário, o ferroviário e uma combinação desses dois modais, ou seja, um modal ferro-rodoviário.

“O ideal seria que todos nossos clientes do mercado interno tivessem capacidade de receber nossos produtos por meio de ferrovias, mas são poucos aqueles que contam com essa estrutura dentro de suas plantas. Então, normalmente, utilizamos entrepostos locais para fazer o transbordo do modal ferroviário para o rodoviário”, explica Cade.

“No caso de nossas exportações, mais de 95% do escoamento para os portos é feito por via ferroviária, principalmente para o complexo portuário de Itaguaí localizado no litoral sul do Rio de Janeiro, onde a CSN explora via concessão o terminal Sepetiba Tecon S/A. Além das exportações, a partir de lá também é feita a distribuição, via cabotagem, para Manaus e Fortaleza, onde se localizam nossos principais clientes das regiões Norte e Nordeste.

Nesses casos, as bobinas de aço são transportadas em contêineres ou como carga solta, dependendo da quantidade.” Na opinião de Davi Cade, a logística utilizada no transporte de aço no Brasil equivale à de outros países, principalmente no que se refere aos equipamentos de transporte. Os caminhões, trens, navios e equipamentos portuários utilizados nesses serviços têm sido renovados e hoje são similares aos de países mais adiantados.

A diferença está nas malhas disponíveis no país. “Os Estados Unidos são, obviamente, nossa melhor referência, por ser um país com, praticamente, a mesma área do Brasil, mas que conta com quase 300 mil km de ferrovias, enquanto nós temos cerca de 30 mil km”, afirma Cade. “Mas quando se coloca o produto num caminhão ou trem, o transporte passa a ser do mesmo nível. A MRS Logística, por exemplo, é uma empresa ferroviária com um padrão que costumamos chamar de first class, cuja qualidade operacional e de segurança não fica nada a dever à das ferrovias dos Estados Unidos.

Outra diferença é que eles têm outro modal, o hidroviário, com uma capilaridade muito grande, mas que no Brasil praticamente inexiste. Por conta dessas diferenças, o custo da logística norte-americana tende a ser menor do que o nosso. Eles têm a opção de barcaças fluviais, navegação nos lagos, serviços de cabotagem tanto na costa Leste quanto na costa Oeste, interligados com ferrovias que cruzam os Estados Unidos de Leste a Oeste e de Norte a Sul. Portanto, a matriz logística leva a um custo por TKU (tonelada por km útil) menor do que o nosso. Mas a qualidade intrínseca do transporte e armazenagem é a mesma nos dois países.

”Segundo o diretor de logística da CSN, também não existem grandes problemas com as embalagens e o acondicionamento utilizados no transporte de aço, que precisam estar adequados a cada produto. O problema mesmo está na infraestrutura, principalmente no caso das rodovias, que costumam provocar ocorrências decorrentes da sua má conservação. “O motorista, às vezes, tem de fazer alguma manobra mais brusca e, nesse caso, a bobina pode se deslocar no caminhão, provocando alguma ocorrência ou dano”, detalha Cade.Quanto à segurança exigida no transporte rodoviário – um problema recorrente nas estradas brasileiras –, Davi Cade explica que existem empresas especializadas na gestão de riscos e que prestam serviços “de primeiríssima linha” às siderúrgicas.

“Mas – de novo – uma coisa é estar num país onde, por razões econômicas e sociais, ocorrências como furtos têm maiores probabilidades de acontecer do que em outros, como os Estados Unidos ou países da Europa, onde esse problema praticamente inexiste”, ressalva. “As empresas de gestão de risco que operam no Brasil são especializadas nesse tipo de serviço e atuam desde a entrega da carga à transportadora até a entrega da carga ao cliente.

Se, por exemplo, um produto sai da usina para ser entregue num cliente da região Sul, a empresa possui pontos de controle ao longo de todo trajeto, além de fazer uma triagem dos caminhões e dos motoristas. É um processo que funciona muito bem, sem contar que algumas cargas são também monitoradas por satélite. É importante salientar que os cuidados com a segurança têm sempre que existir não só pelos motivos já ditos, mas também visando os custos do seguro.

“Nós precisamos adotar todas essas medidas para garantir os objetivos básicos de uma logística eficiente: custos competitivos, qualidade intrínseca do produto e atendimento do prazo de entrega acordado”, completa Davi Cade.

Siderurgia Brasil

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